sábado, janeiro 07, 2006

PÉSSIMO COM NOMES

Eu sou péssimo com nomes de pessoas e datas. Sou capaz de lembrar nomes de atores de todo tipo de filme, mas se eu te conhecer agora, não faz diferença, eu esqueço seu nome antes de me dar tchau. Metade das pessoas que eu conheço diz ter o mesmo problema, mas por algum motivo, que obviamente eu ainda não descobri, eu sou quem sempre se dá mal na história. Nunca descobri o segredo pra me sair da situação embaraçosa de não lembrar o nome da pessoa.
Uma vez vi um épisódio de Seinfeld em que ele bolou uma estratégia legal: ele chama alguém para acompanhá-lo e o acompanhante toma a frente da conversa dizendo algo como: "Como ele é mal educado! Meu nome é fulano, e o seu?". Eu tentei isso uma vez.
Fui na minha velha faculdade, onde cursei Psicologia. Continuava do mesmo jeitinho: casais se chupando logo na entrada, as velhas funcionárias incitando a ira dos alunos, a cantina com seus deliciosos salgados manipulados à mão nua pelos suados cozinheiros e aquele conhecido cheirinho de ervas, um cheirinho inconfundível de papel seda queimado com toques de orgãos genitais, cuja fumaça saindo de trás de um arbusto entregava a origem. Estava acompanhado de Bubba, um velho amigo para qual, certa vez, eu narrei o tal episódio de Seinfeld e que havia feito uma promessa mútua de que um faria o mesmo pelo outro, caso rolasse a mesma situação.
Encontrei uma funcionária que tinha muito carinho por mim, que havia me ajudado em virtualmente todos os impasses burocráticos que aquela instituição poderia me oferecer, me havia pago lanche varias vezes, me dado carona, inclusive me apresentado a filha, cujo nome eu não lembro, mas lembro de ter me divertido bastante com ela. Eu também não lembrava o nome daquela generosa senhora. Ela falou comigo logo quando me viu, há uns 47 metros de distância. Ela fala muito alto. Os casais pararam de se chupar, os cozinheiros da cantina derrubaram os salgados e rapidamente os pegaram e os colocaram de volta no lugar e os estudantes detrás dos arbustos por algum motivo saíram correndo ainda com fumaça nos cabelos.
Rapidamente eu segurei o braço de Bubba. Meu amigo olhou para mim e viu minha expressão de desespero. Entendeu imediatamente o que deveria fazer.
Ainda estava enxugando a baba com cheiro de cigarro que a senhora havia gentilmente deixado em minhas bochechas e já não tinha mais nada em mente para enrola-la, quando dei uma olhada desesperada para Bubba. Meu bravo amigo prontamente se pôs em minha frente: "Oi, como vai? Eu sou Bruno." Entendam, eu estava nervoso, minha cabeça estava vazia de idéias e isso me confundiu a pensar que na falta delas só restava a ação, então eu agi: "É, esse aqui é o Bruno! E essa aqui é a..." Havia me esquecido que agora era a vez dela de falar. Podia jurar que o Bubba prendeu a respiração.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

acontece...podia jurar que até esqueci do meu próprio nome! malditas cervejas!

07 julho, 2006 22:03  

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